Amor-próprio ou autodestruição?
- Miguel Aleixo
- 3 de ago. de 2021
- 3 min de leitura
Atualizado: 25 de set. de 2023
Enfrentamos uma guerra comunicacional que nos deixa divididos entre o combate à obesidade e a aceitação do próprio corpo, contra qualquer estereótipo. Afinal, quais são as fronteiras?

Num mundo onde o combate ao estereótipo é crescente e a aceitação e integração de todos é um tema central da preocupação social e política, é perfeitamente natural assistirmos a extremismos de opinião (e por vezes de atos). A integração e a igualdade exige que se quebrem muitos conceitos e padrões e isso obriga a posições fortes, por vezes, fortes em demasia e que não ajudam a verdadeira causa, pelo contrário, atrapalham. Para que esta noção de novo mundo seja o mais plena possível, o tempo precisa passar, as gerações mudar, e com elas a mudança de mentalidade ficará para trás. Mais tarde, poderá ser recordada como arcaica e despropositada (como hoje fazemos com tantas outras situações dos nossos antepassados). Mas o tempo sozinho não muda nada, por isso, aplausos para todos aqueles que plantam no presente uma semente de mudança, na esperança que o futuro possa ver nascer uma árvore de igualdade de direitos, de escolhas e de oportunidades.
Contextualizado o atual momento, podemos refletir sobre o que está a acontecer na luta pela aceitação do próprio corpo.
Se é verdade que devemos lutar contra o estereótipo de corpo perfeito e que cada homem e mulher é digno e livre de fazer o que quiser com o seu corpo, também é verdade que esta comunicação está a dar a “desculpa” perfeita a todos aqueles que ignoram os seus hábitos alimentares e desportivos, criando uma utopia, onde o excesso de peso é uma escolha sem consequências. MAS ISSO É MENTIRA!
Aceitar o corpo passa por perceber que nem todos podemos ser modelos, ter feições esbeltas e que mesmo dentro dos padrões do saudável, também podemos ter uma barriguinha, ou umas estrias indesejadas.
Dizer que amas o teu corpo quando estás acima do peso (sem patologia associada), faz tanto sentido como dizeres que amas alguém depois de lhe teres dado uma carga de porrada.
Serias capaz de fazer mal a alguém que amas?
Então porque tratas mal o teu corpo?
Amar o corpo, passa pela prática de exercício físico e da adoção de hábitos alimentares saudáveis.
Em nenhum momento o amor pode ser sinónimo de tirar uma fotografia a comer um enorme bolo de chocolate, com a legenda: “Amo-me como sou”.
Tu não és o teu corpo! E o excesso de peso não é um adereço como brincos, tatuagens ou cabelos pintados. É uma condição que influencia a tua qualidade de vida e está ligada a vários problemas de saúde, inclusive, como fator de risco nas complicações hospitalares da covid-19.
Se entendermos que esta luta não deve ser clara e eficaz, estamos a condicionar tudo aquilo que sabemos relativamente à saúde: Completamente impensável pensarmos em abreviar as prevenções da saúde mental, o combate ao consumo de tabaco e/ou extinguirmos as vacinações preventivas. No que à saúde diz respeito, não costuma existir grandes lutas de opinião. Entendemos que a prevenção e a promoção do “saudável” deve estar sempre como prioritário.
SIM! Cada um é livre de fazer o que entender e seguir a sua vida como achar correto. Ninguém almeja criar uma sociedade movida apenas por estes princípios, mas aqui, existe uma diferença gigante: As pessoas fumam, mas há muito tempo que o tabaco perdeu o seu romantismo. O mesmo não acontece com o excesso de peso. Porquê? Talvez porque a comunicação não está a ser bem-feita e/ou as palavras não estão a ser bem escolhidas.
Eu aceito-te com o corpo que tens, mas é precisamente por me preocupar contigo que te venho dizer:
Cuida de ti! Cuida do teu corpo! Estás a tratar mal quem mais devias amar!
Com dificuldade em tratar bem o próprio corpo? Os Ginásios e Nutricionistas podem ajudar! Mas lembra-te: O melhor acompanhamento técnico não te serve de nada, se a tua disciplina e os teus objetivos não estiverem bem presentes e definidos… e para isso:
Eu posso ajudar – psic_aleixo@hotmail.com
Um Abraço!
Dr. Miguel Aleixo
Psicólogo Clínico e da Saúde
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